quarta-feira, 27 de junho de 2018

1- JIDOKA

Jidoka é um termo japonês que no mundo do Lean Manufacturing significa: “automatização com um toque humano” ou ainda “automação com inteligência humana”. A aplicação do jidoka fornece às máquinas e operadores a capacidade de detectar quando uma condição anormal ocorreu de forma a interromper imediatamente o trabalho. Esta ferramenta é um dos pilares na implantação do Lean e juntamente com o Just-in-Time compõe os dois pilares do sistema Toyota de produção. É através da aplicação do jidoka que é possível permitir ao processo que ele tenha seu próprio autocontrole de qualidade, reduzindo desperdícios e melhorando a qualidade dos produtos.


1.1- Qual o objetivo de implantar o Jidoka?

O jidoka teve sua origem ligada à automação da máquina de tear fabricada por Sakichi Toyoda (1867-1930), fundador da Toyoda Automatic Loom Works, considerado um dos dez maiores inventores da história contemporânea do Japão e inventor da máquina de tear automática.

Quando da criação da máquina de tear automática, foram detectados dois problemas indesejados: O primeiro é que a máquina continuava funcionando mesmo diante de um fio rompido e o segundo é que o defeito só era detectado quando o processo estivesse concluído, tendo produzido muito tecido defeituoso. Sendo assim, se um fio rompesse, a máquina produziria tecido com defeito, o que não era desejado. Para evitar a produção de produtos com defeito, havia a necessidade de ter um operador tomando conta da máquina para que diante de qualquer anomalia o operador parasse a máquina. Imagine colocar um operador em cada máquina em uma fábrica com enorme quantidade de máquinas de tear. Isto tornava o processo muito oneroso aumentando os custos de produção. Sendo assim, ainda em 1924, Sakichi inventou e colocou em prática uma máquina de tear dotada de dispositivo que parava a máquina quando: detectava o rompimento da linha, detectava o fim da linha ou detectava a quantidade programada atingida.

Utilizando-se desses recursos, Sakichi pôde liberar o operador de ficar como “vigia” tomando conta das máquinas à espera de ocorrência de anomalia, fundamentando exatamente o objetivo do jidoka que é o de reduzir o número de desperdício através da implantação de dispositivos nas máquinas da produção sendo estes dispositivos responsáveis por alertar se algum problema foi detectado e então parar o trabalho imediatamente quando da detecção do problema. A sua aplicação também livra as máquinas da necessidade constante de atenção humana, permitindo assim que os operadores realizem múltiplas funções. Na Figura abaixo é possível visualizarmos o jidoka na prática.

Importante ressaltar ainda que os benefícios do jidoka também podem ser verificados em linhas de montagem manual, onde o operador tem autonomia para parar a linha de produção e corrigir anomalias caso seja necessário.

Geralmente, o jidoka lança mão de uma excelente ferramenta, o Andon, visto que trata-se de uma ferramenta visual que sinaliza falhas que requerem atenção e ação imediata. 

O Andon é uma forma de gestão à vista de ocorrências na linha de produção que podem ser apresentadas em forma de alerta sonoro ou representações visuais (quadros, sinalizadores). Na prática, o andon é um sistema utilizado pelos operadores da linha de produção ou mesmo pelo próprio equipamento para sinalizar a produtividade ou alguma falha no processo, solicitando assim a ajuda de técnicos de manutenção, engenheiros e outros responsáveis pela resolução do problema. As falhas podem ser variadas, como: Material ruim; Falta de material, Problema com o dispositivo ou com a máquina, Problema de qualidade ou segurança do operador, Ausência de funcionário, Demora no setup, etc.

 
Andon


Na prática o Andon pode ser representado da seguinte forma:

Luzes de sinalização classificadas por cores onde cada uma possui o seu significado:

- Vermelho: Linha parada;
Amarelo : Chamada  de atenção ou solicitação de ajuda;
Verde    : Normalidade no processo.

jidoka aplicado com a utilização de andon

1.2- Exemplos de Aplicações do Conceito de Autonomação

1.1- Sistemas que fazem a máquina parar automaticamente quanto se atinge a quantidade pré-determinada;
1.2- Diferentes tipos de dispositivos que permitem segurança no trabalho;
1.3- Sistemas que impeçam as máquinas funcionarem quando há entrada de materiais com defeito;
1.4- Parada da linha de montagem pelos próprios trabalhadores quando ocorrem anormalidade;
1.5- Dispositivos que minimizam as perdas energéticas;
1.6- Sistema a prova de falhas do tipo Poka-Yoke;

1.3- Poka-yoke

Dispositivo ou mecanismo simples que instalado na máquina ou no posto de trabalho faz com que se evite a ocorrência de erros, isto é, mesmo que se queira fazer errado o poka-yoke não permite.



1.4- Qual é a diferença entre Jidoka e Poka Yoke?

O Jidoka tem como premissa a detecção dos problemas quando acontecem, sendo um conceito que visa identificar se uma falha ocorre durante o processo de produção.

O Poka Yoke tem como premissa prevenir que falhas aconteçam, sendo uma ferramenta que estabelece maneiras de evitar que problemas mecânicos e humanos ocorram.

1.5- Situações em que o Poka Yoke tem melhor utilização e contribuição

1.5.1- Operações manuais que requerem atenção constante do operador;
1.5.2- Onde possa ocorrer o “mau posicionamento”de peça;
1.5.3- Onde for necessário o ajuste;
1.5.4- Onde atributos e não medidas forem importantes;
1.5.5- Onde causas especiais puderem reincidir;
1.5.6- Onde o custo de treinamento e rotatividade for alto;
1.5.7- Em linha onde diversos modelos estiverem em produção;
1.5.8- Onde o custo de falhas externas superar em muito o custo de falhas internas.

1.6- Regras para implementação de Poka Yoke

1.6.1- Tomar um processo piloto e fazer uma lista dos problemas mais comuns;
1.6.2- Priorizar os erros por ordem de freqüência;
1.6.3- Priorizar os erros em ordem de importância;
1.6.4- Projetar dispositivos poka-yoke para impedir erros mais importantes das duas listas;
1.6.5- Sempre que economicamente viável, preferir a aplicação dos dispositivos poka-yoke em substituição a outros métodos de inspeção.

1.7- Exemplos de Poka Yoke
Gabarito para pre-montar rebites nos varões, eliminado uso da trena e agilizando montagem

Gabarito para pre-montar porta estepe

Criação de um dispositivo para montar rebites na caixa

Dispositivo de medida

1.8-Benefícios do Jidoka

1.8.1- Sustenta fluxos produtivos, contínuos e estáveis, evitando defeitos;
1.8.2- Identifica e elimina as causas dos desperdícios causados pela falta de qualidade;
1.8.3- Libera o homem para ele execute múltiplas tarefas que agreguem valor;
1.8.4- Melhora a produtividade e estabelece ações que evitam a recorrência de problemas, por meio de soluções definitivas em nível sistêmico, incorporando elementos que assegurem a qualidade na origem.

1.9-Referências Bibliográficas

ANTUNES, J.; ALVAREZ, R.; KLIPPEL, M.; BORTOLOTTO, P. & PELLEGRIN, I. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008.

DEVARAJ, S.; HOLLINGWORTH, D.G. & SCHROEDER, R.G. Generic manufacturing strategies and plant performance. Journal of Operations Management. Vol. 22, p.313-333, 2004.

GHINATO, P. Sistema Toyota de Produção: mais do que simplesmente just-in-time. Caxias do Sul: EDUCS, 1996.

PASSOS JÚNIOR, A.A. Os circuitos da autonomação – uma abordagem técnico-econômica. 96 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, São Leopoldo, 2004.


Nenhum comentário:

Postar um comentário