sábado, 16 de junho de 2018

LEAN MANUFACTURING



Lean Manufacturing: "A máquina que mudou o mundo"
                                                                             James Womack

Lean Manufacturing, cuja tradução é manufatura enxuta, é uma filosofia operacional que busca maximizar o valor das operações de um negócio, ao aumentar o valor agregado, reduzir o tempo de produção, diminuir os custos envolvidos , aumentar a eficiência do processo e principalmente diminuir os desperdícios.

De onde surgiu essa forma enxuta de produção?

O Lean surgiu na Toyota, no Japão, após a Segunda Guerra Mundial.

O Sistema Toyota de Produção, como era inicialmente conhecido, ficou conhecido no mundo inteiro devido a entrada súbita de diversas empresas japonesas no mercado mundial, o que chamou atenção das empresas ocidentais.

Com a filosofia conhecida pelo mundo todo, o termo lean, que significa enxuto, foi utilizado então para denominar a forma de se produzir cada vez mais, com cada vez menos.

E além da redução de todos esses desperdícios, o Lean consegue trazer ainda mais benefícios para a empresa?

Além da  redução  de  desperdícios,  que adicionais:
- Organização no local de trabalho;
- Melhor aproveitamento do espaço físico;
- Aumento e melhoria da produtividade; Aumento da qualidade;
- Redução de custos;
- Adequação dos recursos à demanda;
- Redução de lead time;
- Torna a mão de obra mais estratégica.

Como eu posso implementar o Lean na minha empresa?

O Lean pode ser iniciado por meio de suas próprias ações, porém para que os resultados sejam significativos e duradouros dentro da empresa é necessário envolver todos os níveis organizacionais e fazer com que os princípios do Lean faça parte da cultura da empresa, sendo difundidos e aplicados por todos.

É importante lembrar que o Lean Manufacturing não é um projeto de melhoria, ele é um programa permanente de melhoria continua.


Em quais áreas da minha empresa eu posso implementar essa filosofia?

O Lean deve ser aplicado a todas as áreas da empresa, desde o setor de compra até o de venda, passando pelas finanças e recursos humanos.

Claro que os setores com maiores desperdícios devem ser priorizados, mas o programa deve ser aplicado como um todo na empresa, sendo uma filosofia que envolve toda a organização.

Qual é o papel da liderança na implantação do Lean?

A Liderança tem o dever de comandar a implantação do programa Lean Manufacturing, assim como mantê-lo rodando na empresa.

Para isso, o líder deve conhecer a fundo a filosofia e conhecer os reais problemas da empresa. Além disso, ele deve ser capaz de motivar sua equipe para o desenvolvimento e aprendizado Lean e criar na mente deles o senso de melhoria.

“Liderança é o que há de mais importante numa organização. Sem ela nada acontece.”

                                                                     Vicente Falconi

Quais são as principais barreiras para a implantação do Lean?

O Lean Manufacturing necessita de uma mudança cultural, ou seja, uma mudança radical de mentalidade, valores e disciplina.

Talvez essa seja a principal dificuldade para a implantação da filosofia no dia a dia organizacional.

O primeiro passo para quebrar essas barreiras da filosofia, é romper as resistências às mudanças. Isso pode ser feito por meio de uma boa liderança.

A disseminação da cultura do Lean deve ocorrer de “cima para baixo”, ou seja, a alta administração deve estar comprometida com o programa antes que ele seja passado para os níveis operacionais.

Um erro muito comum que algumas organizações cometem ao tentar implementar a filosofia é a valorização do individualismo. O Lean Manufacturing é um programa em conjunto, todos devem trabalhar em equipe e os resultados devem ser repassados e comemorado por todos os níveis da organização.

Além disso, a associação de demissões em larga escala aos programas de qualidade é um dos fatores mais desmotivadores. O programa deve ser sempre relacionado ao crescimento e expansão da organização.

Valor Percebido pelo Cliente.

O ponto de partida para o Lean é o conceito de valor percebido pelo cliente. Este valor é definido em termos de produtos ou serviços  específicos que têm capacidades/funcionalidades específicas, oferecidos a preços específicos para clientes específicos em intervalos  de tempo.

Disso, temos três tipos de atividades em um processo:

Desperdício: Atividades que consomem recursos, tempo e espaço, mas não contribuem diretamente para produzir o que  o cliente deseja. Podem ser eliminados e não comprometem o resultado.

Não agrega valor: Consomem recursos, não contribuem diretamente para o produto ou serviço, mas são    altamente
necessárias.

Agrega Valor: Atividades que transformam os materiais ou as informações em produtos que o cliente deseja, ou seja,
paga por eles porque enxergam valor.


Mas afinal, o que desperdício?

Qualquer atividade humana que absorve recursos, mas não cria valor.
- Procedimentos desnecessários;
- Processamentos extras (Retoques, cortes, etc...);
- Falta de peças;
Falha de equipamento;
Instruções de trabalho ineficaz;
Tempo perdido devido a acidentes;
Controle de qualidade;
Excesso de estoque.

Eliminando Desperdícios.

Para obter as vantagens da Manufatura Enxuta, basicamente é necessário atuar em atividades que não agregam valor,  ou seja, eliminar desperdícios. Os 8 tipos mais comuns são:

1. Produção em excesso:
- Definição: Produção sem necessidade/demanda dos clientes,  excesso de produtos no processo e produção por antecipação,  antes do necessário.
- Sintoma: Erros de planejamento de demanda (forecast de  produção), altos estoques de produtos acabados e baixas vendas.
2. Espera:
- Definição: Tempo não aproveitado devido, transporte atrasado, medições e  operações não balanceadas.
- Sintomas: Atividades de monitoramento pelo operador e  tempo de máquina que não agrega valor.
3. Excesso de processamento:
- Definição: Todo processo além do que o cliente pede não  agrega valor. Devemos nos perguntar: Esse processo  agrega valor?
- Sintoma: Uso excessivo de recursos e pessoas, tendo várias  consequências principalmente em custos.
4. Estoque:
- Definição: Produtos e materiais, estocados. Estoque é dinheiro parado!
- Sintoma: Retenção de capital da empresa, alto custo em  segurança de estoque e camuflagem dos verdadeiros  problemas e desperdícios da empresa.
5. Movimentação:
- Definição: Toda movimentação desnecessária, seja por  equipamentos   ou  pessoas, que não agrega valor ao produto. Andar é bom para a saúde, mas não para o  processo!
- Sintoma:  Funcionários aparentando superalocação de tarefas e lead time dos processos com alta duração.
6. Transporte:
- Definição: Fluxo de material, movimentações e fluxo de  informações,  quando  feitos  desnecessariamente.   Todo transporte é um desperdício, pois não agrega valor ao  produto. Já que é um mal necessário ele deve ser  minimizado;
- Sintoma: Alto tempo de fabricação e custo no valor final  do produto. Em média o transporte gasta 45% do tempo  total de fabricação de um item.
7. Retrabalho:
- Definição: Toda correção adicional devido a um resultado não  esperado, processo que tenha que ser repetido por quebra de  produto ou produto não conforme.
- Sintomas: Aumento do custo, aumento das horas extras do setor  de produção e gasto excessivo de material.
8. Intelectual:

- Definição: É a subutilização da mão-de-obra no que diz respeito  à capacidade intelectual, utilização de conhecimento e geração  de ideias.
- Sintomas: Desmotivação dos funcionários pelo trabalho  monótono e corpo executivo inchado.





14 Princípios da Filosofia Lean.

1- Tome decisões pensando sempre no longo-prazo, mesmo que no início os custos sejam maiores;
2- Crie fluxo contínuo para todos os processos, pois assim aparecererão os reais desperdícios a serem continuamente eliminados;
3- Utilize sistemas de produção puxados pela demanda, como o kanban, para evitar a superprodução;
4- Nivele os volumes de produção produzindo sempre próximo a uma quantidade média, para que se evitem assim os desperdícios e a sobrecarga de trabalho quando as demandas oscilarem;
5- Construa uma cultura de parar e resolver a raiz do problema no exato momento da sua ocorrência, para que se tenha qualidade desde o início de cada etapa/operação do processo produtivo;
6- Padronize processos e tarefas, aumentando a segurança e autonomia dos colaboradores durante o dia-a-dia, construindo assim a base para a sua melhoria contínua;
7- Pratique os 5S e utilize controles visuais para que "Tudo" seja facilmente visualizado e compreendido por qualquer pessoa, sem que haja a necessidade de fazer perguntas;
8- Use somente tecnologias confiáveis e certamente eficazes em seus processos; A tecnologia deve ser puxada pela produção, e não empurrada para ela;
9- Faça com que seus líderes conheçam, compreendam e vivam essa filosofia ensinando e servindo de exemplo aos demais, pois só assim tais princípios se transformam em cultura;
10- Invista no desenvolvimento de seus colaboradores e forme pequenas equipes em todos os níveis, pois o sucesso é baseado no conjunto e não no indivíduo;
11- Zele pelo relacionamento com seus fornecedores e parceiros como se fossem seus próprios colaboradores, oferecendo desafios e auxiliando-os no seu desenvolvimento;
12- Vá e veja você mesmo para compreender por completo como funcionam os processos, pois só assim mensurar o que deve ser melhorado;
13- Tome decisões sem pressa, por consenso, considerando todas as opções possíveis e, assim feito implemente-as rapidamente;
14- Aprenda coisas novas todos os dias e faça auto-reflexão sobre suas dificuldades e falhas, buscando sempre fazer melhor e melhor sempre.



Mas para implementar realmente, no dia a dia, quais ferramentas o Lean me oferece?

1-Jidoka;
2-Poka-Yoke;
3-Just in Time;
4-Takt Time;
5-kaizen;
6-Heijunka;
7-Trabalho Padronizado;
8-5S;
9-Kanban;
10-MASP / PDCA;
11-Mapeamento de Fluxo de Valor;
12-Andon;
13-SMED (Single Minute Exchange of Die); 
14-TPM–Total Productive Maintenance–Manutenção Produtiva Total;
15-OEE–Overall Equipment Effectiveness–Eficiência Global do Equipamento;
16-Gestão do Posto de Trabalho;
17-IROG - Índice Operacional Global;
18-TRF-Troca Rápida de Ferramenta;
19-VSM (Mapeamento da Cadeia de Valor);
20-One Piece Flow; 
21-Gestão à Vista;
22-Auditoria de processo (Gemba Walk);
23-Células de Manufatura;
24-Funcionários Multifuncionais.



Benefícios do Lean Manufacturing.

Maior organização do Trabalho: Com os processos melhores alinhados e com menos recursos em produção, o chão de fábrica torna-se mais organizado e limpo;

Redução de Área/ Espaço Físico: A organização resulta em um melhor aproveitamento do espaço, e o lean ainda contribui para redução nos estoques e inventários;

Melhoria da Qualidade: Autocontrole da qualidade do produto e do processo realizado pelo operador, contribui para eliminar ou reduzir refugos, retrabalhos e reclamações de clientes;

Aumento da Produtividade: O melhor aproveitamento de recursos que são transformados em produto final resulta em redução de retoques e retrabalhos, o que contribui significatimente para a produtividade  de operadores e máquinas;

Adequação dos Recursos à Demanda: A indústria que opera com excesso de capacidade é impactada por ociosidade e maiores custos com processos logísticos. Com lean, ela elimina excessos e desperdícios;

Redução do Tempo do Processo Produtivo: A manufatura enxuta utiliza menos recursos e processa menos materiais ao mesmo tempo, o que reduz o tempo de produção de cada lote;

Maior Envolvimento dos Operadores o Processo: O trabalho do operador do chão de fábrica passa a ser melhor aproveitado e mais participativo, de modo a tornar toda a mão de obra mais estratégica.

Referências Bibliográficas

ANTUNES, Junico. Sistemas de Produção: Conceitos e práticas para o projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Editora Bookman, 2008.

GHINATO, P. Produção & Competitividade: Aplicações e Inovações, 2000.

MOREIRA, Daniel A. Administração da produção e operações. 2ª Ed. Ver. E ampl. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

OHNO, T. Sistema Toyota de Produção – Além da Produção em Larga. Porto Alegre, 1997.

ROTHER, M.; SHOOK, J. Aprendendo a enxergar: Mapeando o fluxo de valor para agregar valor e eliminar desperdício. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2003.

SHINGO, Shingeo. O Sistema Toyota de produção do ponto de vista da Engenharia de Produção. 2ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 1996

WOMACK, James, JONES, Daniel. A mentalidade enxuta nas empresas: elimine o desperdício e crie riqueza. 11. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.













Nenhum comentário:

Postar um comentário